15º DOMINGO DO TEMPO COMUM Santa Teresa dos Andes (1920)
Naquele tempo,
25 Um mestre da Lei se levantou e, querendo pôr Jesus em dificuldade, perguntou: "Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?"
26 Jesus lhe disse: "O que está escrito na Lei? Como lês?"
27 Ele então respondeu: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como a ti mesmo!"
28 Jesus lhe disse: "Tu respondeste corretamente. Faze isso e viverás".
29 Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: "E quem é o meu próximo?"
30 Jesus respondeu: "Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no, e foram-se embora deixando-o quase morto.
31 Por acaso, um sacerdote estava descendo por aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado.
32 O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado.
33 Mas um samaritano que estava viajando, chegou perto dele, viu e sentiu compaixão.
34 Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal e levou-o a uma pensão, onde cuidou dele.
35 No dia seguinte, pegou duas moedas de prata e entregou-as ao dono da pensão, recomendando: "Toma conta dele! Quando eu voltar, vou pagar o que tiveres gasto a mais". E Jesus perguntou:
36 "Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?"
37 Ele respondeu: "Aquele que usou de misericórdia para com ele". Então Jesus lhe disse: "Vai e faze a mesma coisa".
Palavra da Salvação. Glória a vós, Senhor.
Comentário
As leituras deste domingo são um convite a avaliar nossa capacidade de amar, não só os que estão próximos de nós, mas também os que são estranhos. Da mesma forma, coloca ou denuncia, de forma contundente, a crise relacional que vivemos atualmente. Reconhecemos como os grandes avanços tecnológicos nos permitiram uma comunicação instantânea; permite conhecer o cotidiano das pessoas ao nosso redor; permite interagir e nos educar em tempo real com comunidades que estão em outras latitudes do planeta. Vivemos na era da hiper comunicação e hiper conexão; no entanto, muitos estudos indicam que nunca na história houve um número tão alto de pessoas que se sentem solitárias. Apesar de estarmos cercados de tantas pessoas, termos muitos amigos nas redes sociais, interagirmos e participarmos de grupos de diferentes denominações, termos à nossa disposição ferramentas poderosas para trocar informações, apesar de tudo isso, temos grandes dificuldades na comunicação madura e respeitosa. Dizem que não há pior solidão do que a solidão cercada de pessoas; e foi isso que aconteceu com o homem ferido, que Lucas nos apresenta. Depois de ter proposto o desafio das relações e dos encontros, precisamos rever, urgente e necessariamente, quem está realmente próximo de nós e quem nós rejeitamos, especialmente os que estão feridos e sem esperança.
Estamos tão distraídos, agarrados aos nossos egos, mais preocupados com o que acontece em nosso pequeno mundo ou nas notificações das telas do que com o que realmente acontece em tempo real a um passo de nós. Se não temos a capacidade de dar conta do próximo, de reconhecê-lo como pessoa, como lugar onde a divindade e a salvação acontecem, então deixamos o amor em nós esfriar. Hoje são tantos os rostos de homens e mulheres feridos e agredidos ao longo do caminho, como nos diz o Papa Francisco: "Todos os dias temos que escolher se queremos ser bons samaritanos ou viajantes indiferentes que passam" (FT 69). Precisamos parar, nos curvar, assumir o controle e investir tempo, força, recursos e conhecimento para cuidar de nossa vida ferida! Nossa prática religiosa deve nos manter vigilantes e sensíveis às realidades do sofrimento que estamos experimentando atualmente como humanidade. Deus não pede o impossível, apenas deseja que amadureçamos na nossa capacidade de amar. Peçamos-lhe na nossa oração um coração samaritano, sendo homens e mulheres que assumem fielmente a reabilitação das relações humanas, curando as feridas causadas pelo mal. Alimentemos o que é bom e coloquemo-nos ao serviço do bem (FT 77).
Pensamento do dia:
"Sempre voltamos ao estilo de Deus, que é proximidade, compaixão e ternura. Isso é o que Deus sempre fez" (Papa Francisco).