Solenidade de São Pedro e São Paulo
Naquele tempo,
13 Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?"
14 Eles responderam: "Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas".
15 Então Jesus lhes perguntou: "E vós, quem dizeis que eu sou?"
16 Simão Pedro respondeu: "Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo".
17 Respondendo, Jesus lhe disse: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu.
18 Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la.
19 Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus".
Palavra da Salvação. Glória a vós, Senhor.
Comentário
Uma das principais chaves de leitura no Evangelho de Mateus é a sua consciência de Igreja, como espaço onde se vive o amor. Um amor que se aprofunda e sublinha na pessoa de Pedro; esse amor expressa que a comunidade eclesial é o lugar para viver o amadurecimento na fé, necessário para seguir, com coragem e fidelidade, a Jesus e seu projeto de vida. Pedro é um modelo de seguimento para a Igreja, pelo caminho da conversão que empreende junto com o Mestre e a comunidade de discípulos; nele encontramos um homem que tem dificuldade em interiorizar a proposta salvífica e libertadora de Jesus. As iniciativas controversas de Jesus, que insiste em colocar os pequeninos no centro da comunidade, não se enquadram nos seus esquemas religiosos e sociais. Junto com esse novo modelo de comunidade, Jesus os convida a viver radicalmente a fraternidade, que se expressa na construção de relações igualitárias, onde cada pessoa busca o bem dos demais. Como resultado deste caminho pedagógico, Pedro, Paulo e os outros discípulos, testemunham o poder libertador de Jesus. No meio de tantas manifestações de amor sincero (curas, multiplicação dos pães, etc.) surge, quase como um novo nascimento, a confissão de fé de Simão Pedro, que afirma que seu Senhor, seu Mestre e seu Amigo, é o Messias, o Filho do Deus vivo.
Amadurecer na fé requer conhecer e estar próximo da pessoa de Jesus e do Reino por ele pregado. Pedro entendeu que não se pode viver este projeto, se não se tem um vínculo profundo com seu Mestre. Caso contrário, tudo poderia ser reduzido a uma ilusão enganosa, possivelmente até muito fervorosa, mas não à altura da lógica e da vontade do Pai. Hoje Jesus pergunta-nos, como fez a Pedro: «Quem você diz que eu sou?» Quem é Jesus para nós? Podemos, graças ao nosso processo de fé e proximidade com Jesus, responder da mesma forma que Pedro respondeu. A Igreja na qual interagimos hoje é aquela que Jesus confiou a Pedro? Estas são algumas das perguntas que devemos nos fazer, dado que pertencemos a uma instituição eclesial ainda muito seduzida e influenciada pelo poder e pelo autoritarismo, algo que nos distancia profundamente da Boa Nova e, muito mais, de seus destinatários. Rezemos ao Senhor para que tenhamos a disposição e a humildade de O conhecer em profundidade, especialmente na oração confiante e na fração e partilha do pão.
Pensamento do dia:
"O caminho para uma melhor convivência implica sempre reconhecer a possibilidade de que o outro traga uma perspectiva legítima" (FT 228).