32º Domingo do Tempo Comum
Dedicação da Basílica Lateranense
Ezequiel 47,1-2.8-9.12: Havia vida onde vinha a corrente
Salmo 46: "O fluxo das valas alegra a cidade de Deus"
1 Coríntios 3,9c-11.16-17: Eles são o templo de Deus
João 2,13-22: Ele falava do Templo do seu corpo
Já bem próximo da Páscoa judaica, Jesus subiu a Jerusalém. E achou os vendedores de bois, ovelhas, pombas e cambistas sentados no recinto do templo. Fez um chicote de cordas e expulsou do templo todas as ovelhas e bois; espalhou as moedas dos cambistas e derrubou as mesas. Aos que vendiam pombas, disse: Tirai isto daqui e não façais da casa de meu Pai um mercado. Os discípulos se lembraram aquele texto: O zelo pela tua casa me devora. Disseram-lhe os judeus: Que sinal nos apresentas para fazeres isto? Jesus respondeu-lhes: "Derrubai este santuário, e em três dias eu o reconstruirei". Os judeus disseram: "Levou quarenta e seis anos para construir este santuário, e tu vais construí-lo em três dias?" Mas ele estava se referindo ao santuário do seu corpo. E quando ele ressuscitou dos mortos, os discípulos lembraram-se de que ele havia dito isso, e creram na Escritura e nas palavras de Jesus.
Palavra da Salvação. Glória a vós, Senhor.
Comentário
O profeta Ezequiel fala, na primeira leitura, do valor dos recursos hídricos. E ele distingue "águas podres" de "águas limpas". Isto nos traz à mente o que provocamos em muitas cidades com o uso e o abuso dos bens da criação. Mesmo se espiritualizarmos o texto, veríamos que a negligência à criação é o resultado da negligência e maus-tratos à própria vida. Portanto, nossas comunidades cristãs precisam manifestar que sua espiritualidade e o cultivo de sua fé as levam à cura interior de suas vidas e relacionamentos, bem como à toda a criação.
São Paulo lembra às comunidades cristãs que cuidem do fundamento sobre o qual são fundadas: o próprio Jesus. Convida-nos a estar atentos à forma como a vida e as relações estão sendo construídas. Construir e cuidar fortalece a relação com Deus, com a comunidade eclesial e com toda a criação. Pensemos que as comunidades cristãs serão sustentadas pela fé, pelo respeito, pelo apreço recíproco, pelo reconhecimento da dignidade e pela prática da solidariedade. Convida os cristãos a não esquecer que cada um é um «santuário de Deus» e que é o Espírito que habita neles e os une. Reconhecemos a força e a vitalidade do Espírito, que sustenta nossa vida e fortalece nossa capacidade de amar? Se deixamos o Espírito agir, se o escutamos e reconhecemos, seremos testemunhas da sua ação salvífica e redentora.
No Evangelho de João, encontramos Jesus indignado com o desrespeito, não por um edifício material, mas pelas pedras e pelo templo vivo que são as pessoas. Aqueles que deveriam zelar e cuidar da vida, estão mais interessados no lucro que essas relações e cultos religiosos geram. Na minha comunidade paroquial, enfrentamos os problemas sociais ou viramos as costas para eles? Há uma forte tentação de nos refugiarmos num templo em busca da salvação pessoal e de promover um espiritualismo comunitário de costas para a realidade que nos aliena. Lembremos, então, que seguir Jesus implica abraçar uma espiritualidade que transforma as pessoas e as realidades.
Minha fé é capaz de me ajudar a olhar minha comunidade, minha religião para além do templo? Experimentamos o Deus que habita em nós e nos torna templos vivos da sua presença? O próprio Deus nos pede para sermos testemunhas de seu amor incondicional e sem fronteiras. Que sejamos canais da graça que transforma toda realidade ao nosso redor. Jesus anseia por encontrar aquele lugar de comunhão autêntica, onde toda a vida é partilhada, reabilitada e dignificada a portas abertas.
Pensamento do dia:
"Precisamos de uma comunidade que nos sustente, que nos ajude e na qual nos ajudemos uns aos outros a olhar para frente. Como é importante sonhar juntos!" (FT 8).
