Domingo de Pentecostes
19 Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”.
20 Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor.
21 Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”.
22 E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo.
23 A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”.
Palavra da salvação. Glória a vós, Senhor.
Comentário
Na narrativa da Torre de Babel (Gn 11, 1-9) e a confusão das línguas, temos o que podemos chamar de anti-pentecostes. Hoje, já na festa do Espírito Santo, lemos o projeto de comunicação-comunhão no Pentecostes. Com esta verdadeira pedagogia litúrgica, compreendemos que toda a humanidade e a criação ainda vivem esperando que o Espírito de Deus encha os corações e os prepare para um encontro sincero e permanente. O Pentecostes, narrado pelo livro dos Atos dos Apóstolos, é uma profecia do Pentecostes que cada um de nós precisa. Quando você se encontra em um ambiente hostil, peça a graça e a paz do Espírito. A tarefa das comunidades de fé é ouvir e responder ao clamor das pessoas que vivem sozinhas, doentes, desesperadas. Babel ainda está presente em nossos dias com a louca pretensão humana de construir o mundo sob um único modelo que domina tudo, isto é: a cultura e a linguagem do mercado, transformadas em um verdadeiro deus, mas que destrói a identidade das pessoas. Hoje afirmamos que o Pentecostes é possível, quando permitimos que o Espírito fortaleça a comunhão nas famílias, nos bairros, nas comunidades, seguindo o exemplo das primeiras comunidades cristãs (Act 1, 14). É o fôlego, o impulso, a vitalidade que sustentam e fortalecem a Igreja na tarefa de abrir as suas portas a todas as línguas e identidades culturais. O Espírito dá origem a uma linguagem comum, a linguagem do amor, sem destruir nenhuma forma de comunicação. Os textos litúrgicos de hoje nos ajudam a compreender que a primeira coisa é a abertura à ação do Espírito de Deus. E notamos isso quando acolhemos no nosso coração os dons e os carismas que nos transformam a partir de dentro e nos fazem assemelhar a Jesus (Jo 20, 19). Celebrar o Pentecostes da Igreja é proclamar e acolher e viver a diversidade das culturas em favor do cuidado e da defesa da vida. O Salmo 104 fala de outro grande aspecto do Pentecostes: que toda a criação está inundada por aquele Espírito presente desde as origens do universo, quando o Espírito pairava sobre as águas originais (Gn 1, 2); o perigo é a nova "Babel" contemporânea, com o perigo ainda maior de uma destruição planetária. Que o Espírito derramado nos nossos corações se manifeste em favor de um projeto de ecologia integral (Rm 8,22). Venha a nós, doce hóspede da alma, para nos renovar a partir de dentro!
Pensamento do dia:
"O Espírito, que inspirou os Evangelhos e que age no Povo de Deus, inspira também a escutar a fé do povo" (EG 139).