DOMINGO DA ASCENÇÃO DO SENHOR
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
46 "Assim está escrito: O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia
47 e no seu nome, serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.
48 Vós sereis testemunhas de tudo isso. Eu enviarei sobre vós aquele que meu Pai prometeu. 49 Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto".
50 Então Jesus levou-os para fora, até perto de Betânia. Ali ergueu as mãos e abençoou-os. 51 Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado para o céu.
52 Eles o adoraram. Em seguida voltaram para Jerusalém, com grande alegria.
53 E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus. Palavra da Salvação. Glória a vós, Senhor.
Comentário
A ressurreição de Jesus e sua ascensão ao céu, que celebramos hoje, formam uma unidade, um todo sem divisão. Hoje, em particular, celebramos a coroação de uma vida levada à sua plenitude. Podemos dizer com espírito pascal: «Este é o dia em que o Senhor agiu». Os quarenta dias que a liturgia separa as duas festas são uma mensagem para compreender e conhecer o caminho percorrido pelas primeiras testemunhas da Ressurreição. O número quarenta lembra os anos e os dias do Deserto, do povo de Deus a caminho da terra prometida e de Jesus antes de iniciar o seu projeto evangelizador. Se Jesus sobe no caminho para Deus, é porque ele desceu primeiro para cumprir seu compromisso redentor. Como dizemos no Credo: "Ele desceu ao inferno", para nos libertar das tentações, da escravidão e da morte. É Deus quem desce para reconstruir a humanidade que insiste em tomar caminhos errados, como na Torre de Babel (Gn 11,5). Jesus é o Deus que desce quando ouve os gritos dos escravos (Êx 3,8). É o Deus de Jesus que desce em seu Filho, que nasce e morre na periferia para nos salvar da morte eterna. Todo aquele que, como Jesus, se realiza como pessoa e é capaz de viver no amor sobe também ao encontro do Ressuscitado. Sobe aquele que mantém acesa aquela vitalidade acesa pelo Espírito de Deus. «Vou preparar-vos um lugar» (Jo 14, 2), disse Jesus à comunidade do discipulado, como garantia do vínculo permanente e do companheirismo. Esta despedida realiza-se em lugares significativos: Betânia (Lc 24, 50), lugar cativante que cheira ao calor da casa, e também ao calor da Galileia (Atos 1, 11), território onde realizou o seu projeto evangelizador. São lugares teológicos que moldam a vida e os relacionamentos, fontes onde se abastece a memória. Pensemos naqueles lugares e pessoas que marcaram positivamente a nossa vida, impelindo-nos a amar, a não desistir, a apreciar a beleza e a bondade da vida. A Carta aos Hebreus em linguagem litúrgica diz-nos que Jesus entra no Santuário de Deus para interceder por nós (Hb 9, 24). Viver com essa certeza de fé garante que nunca andemos sozinhos, no abandono. Ele pede para que não fiquemos em êxtase contemplando-o, como se estivesse distante ou inatingível. Sabendo que somos portadores da sua presença ressuscitada, compartilhemos esta boa nova com o mundo (Mc 16, 15). Recordamos a sua despedida com uma certa nostalgia, mas sabemos que possuímos o seu Espírito. É uma festa, mas útil também para refletir sobre o impacto positivo ou negativo que estamos deixando no mundo. Que o Senhor te abençoe, te proteja e te guarde...
Pensamento do dia:
"A vida é alcançada e amadurecida à medida que é dada para dar vida aos outros. Essa é, em última análise, a missão" (EG 10)
