Primeira leitura: Is 58,7-10:
A tua luz brilhará como a aurora.
Salmo: Sl 111(112),4-5.6-7.8a.9 (R. 4a.3b):
R. Uma luz brilha nas trevas para o justo, permanece para sempre o bem que fez.
Segunda leitura: 1Cor 2,1-5:
Anunciei entre vós o mistério de Cristo crucificado.
Evangelio: Mt 5,13-16:
Vós sois a luz do mundo.
Tema: 5º Domingo do Tempo Comum
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: "Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada, e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim, num candeeiro, onde brilha para todos que estão na casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus".
Comentário
As leituras de hoje têm como tema central a justiça de Deus, expressada plenamente no amor misericordioso para com o próximo. O relato que lemos do profeta Isaías situa-se no contexto do jejum, onde se faz uma forte crítica ao povo de Israel por suas práticas religiosas desarticuladas da fé e da justiça para com os pobres.
O profeta chama à realização do verdadeiro culto a Javé, ligado intimamente com a justiça e a misericórdia. As diferentes práticas religiosas devem sair do coração e devem dar o fruto de uma verdadeira justiça social, concretizada na partilha do pão com o faminto, na solidariedade com os que sofrem, na preocupação visceral com os irmãos pobres, pois neles, nos abatidos, nos malvistos, é onde o mesmo Deus se revela; é neles que a luz de Deus se faz presente; é neles que o Deus de Israel verdadeiramente habita.
Em relação com o anterior, Paulo expressa aos coríntios que o mistério de Deus, anunciado por ele, não se fundamenta na sabedoria humana, mas no mesmo Senhor crucificado, o qual significa que é Deus quem agiu em Paulo e na comunidade. É relevante que Paulo se refira à cruz de Cristo como o elemento essencial de sua pregação. Com esse elemento quer tornar presente o verdadeiro rosto de Deus que se revela, não aos sábios nem aos poderosos, mas aos que estão em situação de risco na sociedade. Daí que o anuncio da Palavra transformadora de Deus não pertença ao mundo da sabedoria humana, mas à força salvadora do Espírito de Deus. Isto significa que a fé e seu devido comportamento moral, sintetizado na justiça e na misericórdia, seja uma iniciativa exclusiva de Deus, uma ação libertadora que penetra no coração do ser humano e que o impele a agir de uma maneira coerente com a Palavra escutada. Portanto, o anúncio do mistério de Deus, realizado por Paulo à comunidade grega de Corinto, é sua própria experiência de Cristo. O que realmente anuncia é a vivência dessa mensagem.
O evangelho de Mateus, expressa a missão dos crentes de todos os tempos: ser sal e luz para o mundo. Tanto o sal como a luz são elementos necessários na vida cotidiana das famílias. O sal dá sabor aos alimentos, conserva-os, purifica. Na antiga Palestina o sal servia para acender e manter o fogo dos fornos de terra.Por sua parte, como é sabido, a luz dissipa as trevas, ilumina e orienta as pessoas. É a metáfora perfeita empregada pelo AT para referir-se a Deus. É a tarefa dos profetas e, em especial, a do Messias: ser luz das nações (Is 42,6). Sal e luz, então, falam da tarefa do seguidor fiel de Jesus que tem como missão expressar a fé, sua integração ao projeto de Deus através do testemunho de vida, através das boas obras, dos bons frutos. O seguidor tem ainda a missão de manter o sabor e a luminosidade da Palavra de Deus em todo tempo e lugar do mundo, tarefa que unicamente se consegue por meio de uma consciência plena da necessidade de fomentar, na comunidade mundial, a justiça e a solidariedade entre os irmãos.
E quando a Igreja não é "luz do mundo", mas que também manifesta sua obscuridade, o pecado de seus fiéis e até de seus sacerdotes e bispos, e a falta de renovação para ser sal da terra? Também é preciso questionar-se a respeito disso. Porque a frase do evangelho não é uma declaração dogmática que nos torne imunes ao mal. O mal e o pecado também adentram em nossas vidas, e na do coletivo eclesial. Às vezes falta-nos coragem para ver, para reconhecer e combater o pecado em nosso meio. É um dever combater o mal, também quando o vemos dentro de nossa própria Igreja. Não manifesta amor o que cala. Certamente que a denuncia do mal da Igreja tem que ser por amor, porém um amor provavelmente conflitivo, que encontrará resistências. Porém, o amor não é capaz de calar de forma cúmplice, quando se sente na obrigação de combater o mal, precisamente por amor.
Oração
Ó Deus, Pai e Mãe universal, que em Jesus nos convidastes a compartilhar a Boa Nova que ele nos trouxe; fazei com que os cristãos afirmem socialmente os valores do amor e serviço do Evangelho, para que seja mais fácil aos nossos irmãos reconhecer a vossa presença que já tendes em todos eles e, assim, sermos efetivamente "sal e luz da terra". Nós vo-lo pedimos com os olhos fixos em Jesus, vosso filho e nosso irmão.
Santo do Dia
S. Águeda
séc. III? ? virgem e mártir ? \"Águeda? quer dizer \"boa?
Martirizada em Catânia, Sicília, provavelmente durante a perseguição de Décio, S. Águeda é venerada desde os primeiros séculos do cristianismo e tem seu nome incluído no Cânon romano. S. Metódio (séc. IX) disse a seu respeito:
\"Águeda, que pelos feitos notáveis traz consigo um nome glorioso, e no próprio nome demonstra as ilustres ações que realizou! Águeda, que nos atrai com o nome, para que todos venham ao seu encontro, e com o exemplo nos ensina a correr sem demora para o verdadeiro bem, que é Deus somente!? ( Liturgia das horas, v. III. São Paulo, Ave-Maria, Paulinas, Paulus, Vozes, p. 1.250).