16º DOMINGO DO TEMPO COMUM Santo Apolinário (século II)
Naquele tempo,
38 Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa.
39 Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e escutava a sua palavra.
40 Marta, porém, estava ocupada com muitos afazeres. Ela aproximou-se e disse: "Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que ela me venha ajudar!"
41 O Senhor, porém, lhe respondeu: "Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas.
42 Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada".
Palavra da Salvação. Glória a vós, Senhor.
Comentário
Os textos das leituras de hoje apresentam migrantes e histórias. Assim, Abraão e Sara, migrantes, encontram-se no carvalhal de Mambré. Migrantes para a terra e a humanidade prometida, eles se aventuram em um caminho sem olhar para os esforços e as dificuldades que teriam que fazer. Lá, Deus aparece como três pessoas e a reverência não espera: a hospitalidade é sua expressão. O texto é abundante em atenção aos caminhantes. Sob os carvalhais, os peregrinos refugiam-se à mesa de quem os recebe, apresentam-se como mensageiros de Deus. Eles prometem descendência a Abraão e Sara, apesar de sua velhice e esterilidade. Deus torna fecunda a vida que é compartilhada com amor! Uma promessa se concretiza no presente desta família migrante que experimenta a presença de Deus. Histórias semelhantes, de amor e hospitalidade, encontramos em nossa realidade. Deus torna fecunda a terra que acolhe os migrantes e os deslocados.
Da mesa hospitaleira, migramos para adorar no templo. O Salmo tem razão quando pergunta: «Senhor, quem pode passar a noite na tua tenda e habitar no teu santo monte?» O Salmo descreve os Abraão e Sara de todos os tempos: pessoas capazes de oferecer hospitalidade, solidariedade e justiça, optando sempre pelos mais necessitados. Esta esperança concretiza-se com a mensagem aos Colossenses. Aquele carvalhal onde Deus nos visita, convida a comunidade cristã a ampliar a sua tenda para que nunca deixe ninguém de fora e seja sempre acolhedora. Os sofrimentos que o anúncio da Boa Nova comporta não podem ser ignorados. Refere-se aos esforços daqueles que experimentam sofrimentos por causa da missão que pregam, servindo, ensinando e aconselhando todas as pessoas.
Vemos Jesus em Betânia convidando-nos a valorizar a riqueza dos encontros e da hospitalidade. Marta e Maria lembram o que aconteceu no carvalhal de Mambré. Uma sabedoria dialógica nasce na vida cotidiana, ao contemplar a visita discreta de Deus viajante. Embora a ânsia distraída de Marta pareça perdê-la em muitas coisas, ela nos ajuda a iluminar o que está acontecendo em muitas pessoas. Pode ser você ou sua comunidade, que surpreendentemente recebe a Deus ou seus anjos mensageiros (Hb 13:2). As duas mulheres, símbolo das duas comunidades cristãs, judaicas e pagãs convertidas, mostram a dinâmica da mobilidade humana contínua na história. Ambas as mulheres, à sua maneira, hospedam a vida do Senhor em um mundo em mudança. Distraídos, continuamos nosso caminho. Que possamos nos deixar encontrar pelo Senhor dos Caminhos. Ampliemos a tenda do nosso coração para sermos pessoas acolhedoras e hospitaleiras.
Pensamento do dia:
"É necessário um diálogo paciente e confiante, para que indivíduos, famílias e comunidades possam transmitir os valores de sua própria cultura e acolher o que há de bom na experiência dos outros" (FT 134).